sábado, 24 de novembro de 2012

Mulheres aos 30 anos estão prontas pro que der e vier

“Sou jovem para ser velha e velha para ser jovem”. O trecho da nova música da cantora Sandy, “Aquela dos 30”, dita bem o dilema das mulheres nessa fase. Por um lado, as cobranças internas e sociais. Por outro, a realização, a maturidade, sonhos realizados e uma compreensão cada vez maior acerca da vida e das pessoas que as rodeiam.
Os 30 anos podem ser um marco na vida das mulheres, por tantas questões históricas, sociais e também físicas que rondam a questão. Há ainda a pressa para realizar alguns sonhos e uma identidade, por vezes, ainda indefinida. Amadurecer pode parecer assustador para alguns. “A responsabilidade aumenta em qualquer coisa que fazemos”, ponderou Sandy, na coletiva de imprensa de seu mais novo trabalho, o EP “Princípios, Meios e Fins”.
O crescimento da menina que cativou grande parte do público ainda no começo dos anos 90 e foi acompanhado pelos espectadores brasileiros chama a atenção para a fase em que Sandy se encontra. Afinal, todos estes processos são comuns a diversas mulheres? O que elas sentem? Convidamos mulheres que se encontram na faixa dos 30 anos para dividir conosco os sentimentos que fazem parte desta etapa da vida.
“Muda quase tudo”, afirma a cantora Aline Calixto, 31. “Na adolescência, o peso da vida é menor. Com os 30, você já sabe bastante o que quer da vida. Depois dos 30, você já ganhou e perdeu dinheiro, já experimentou relacionamentos passageiros e duradouros, já se questionou sobre tudo e, no final das contas, percebe que ainda tem muito chão para correr”, define a cantora.
“Acho uma das melhores fases da minha vida”, garante a personal trainer Gabriela Cangussu, 31. “Eu me sinto mais madura e segura das minhas escolhas. Eu me sinto completa em todas as áreas da minha vida. Tenho uma família linda, trabalho no que mais gosto de fazer e tenho muita disposição para correr atrás dos sonhos que ainda não realizei”, afirma.
A gerente-operacional Virgínia Salomão, 30, também tem sentimentos parecidos. “Eu adoro ter 30 anos. É a liberdade aliada à maturidade, é a busca de novos objetivos com maiores proporções. Considero uma mudança de fase marcante, as experiências de anos são diferenciadas das experiências anteriores”, afirma ela. “Sinto que muitos fatos marcantes ainda estão por vir”.
 
Conflitos e alegrias
Esta satisfação que muitas mulheres demonstram atualmente tem também raízes históricas e sociais. De acordo com Ana Cristina Lage, doutora em educação e coordenadora do curso de História do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), a partir da década de 60, com a revolução sexual feminina, a mulher ganhou o espaço público e “não há mais amarras que as prendam exclusivamente em casa”.
Como Ana Cristina explica, houve uma ampliação do mercado de trabalho para as mulheres. Elas não são mais educadas para ser somente mães e esposas. As profissões vão além daquelas típicas do começo do século passado, como professora ou enfermeira. Os tempos mudaram e o espaço para elas é maior.
E a vida profissional, como revela as entrevistadas, é mesmo motivo de orgulho e felicidade. “Sempre quis cantar e o sonho virou realidade. Faço hoje o que mais me dá prazer, o que me realiza inteiramente” afirma Aline. “Canto e componho para levar alegria e emoção às pessoas. Essa é a minha missão neste mundo”, define.
“Meus estudos foram uma ótima escolha. Tenho um diploma e uma profissão que gosto de verdade”, diz, satisfeita, Gabriela.
Ao mesmo tempo em que há muitas portas abertas e motivos para comemorar este fato, para algumas mulheres, este pode ser um dos fatores que as levam a fazer um saldo do que viveram até o momento. E ele nem sempre é positivo.
“Conflitos nesta fase podem existir por diversas razões. Mais precisamente, talvez, porque as mulheres querem um relacionamento estável, se preocupam com o relógio biológico, com as pressões para serem mães, por se emanciparem”, explica Guilherme Massara, psicanalista e professor do departamento de psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Ou, simplesmente, pelo desejo de um encontro mais verdadeiro, mais amplo com a plenitude de sua feminilidade”.

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