terça-feira, 6 de novembro de 2012

A empresária Raquel Felipe, dona da agência de modelos Raquel Management, de São José do Rio Preto (SP), negou nesta terça-feira (6), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas, que faça tráfico internacional de modelos. Raquel foi acusada de enviar duas modelos para a Índia, em 2010, para trabalhar em condições análogas à escravidão.

 A empresária Raquel Felipe, dona da agência de modelos Raquel Management, de São José do Rio Preto (SP), negou nesta terça-feira (6), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas, que faça tráfico internacional de modelos. Raquel foi acusada de enviar duas modelos para a Índia, em 2010, para trabalhar em condições análogas à escravidão.



Alexandra Martins
Raquel Felipe (proprietária da Agência de modelos Raquel Managment)
Raquel Felipe: modelos não foram forçadas a trabalhar nem foram fisicamente assediadas.
As duas modelos – Ludmila Verri, então com 19 anos, e uma irmã adolescente, que tinha 16 anos – foram resgatadas dois meses depois pelo consulado brasileiro em Mumbai.
Na reunião da CPI, a empresária negou a denúncia e apresentou trecho do depoimento das duas modelos à Polícia Federal. Segundo esse trecho, elas nunca foram fisicamente assediadas; tinham a chave do apartamento em que moravam e podiam sair quando quisessem; nunca foram forçadas a trabalhar sem descanso; e nunca viram qualquer ato ligado à prostituição no local onde moravam.
Raquel admitiu que metade do pagamento delas era utilizado para pagar despesas de viagem, mas disse que as modelos sabiam disso antes de sair do Brasil e que estava previsto em contrato.
"Todas as meninas que querem voar para fora do Brasil sabem que têm essa dívida para com a agência. Então, na maioria das vezes, elas viajam tranquilamente, porque sabem que vão trabalhar para arcar com isso e colocar o dinheiro delas no bolso no final. É algo normal na carreira de modelo."
Denúncia de cárcere privado
Em reunião da CPI no último dia 10 de julho, a modelo Ludmila Verri disse que foi instalada na Índia em um apartamento sem água e que era vigiada pelo porteiro do prédio e não podia sair sem que o agente indiano soubesse.
Ludmila também disse que se machucou em razão de uma queda e, no período em que se recuperava, sua irmã trabalhava cerca de 14 horas por dia em sessões de fotografia no apartamento.
Segundo o pai da modelo, Damião Verri, as informações passadas antes da viagem não foram condizentes com a situação encontrada lá por Ludmila e sua irmã. Por esse motivo, ele buscou ajuda do consulado brasileiro para resgatar as duas.
Empresária nega
Já a empresária Raquel Felipe disse nesta terça-feira que não era necessário que o pai das modelos recorresse ao consulado, pois elas não estavam em cárcere privado.
Raquel disse que não trouxe de volta da Índia as duas modelos porque não conseguiu. Ela afirmou que tentou remarcar as passagens de volta, mas a empresa aérea não permitiu, pelo fato de o bilhete não estar no seu nome. Segundo ela, as duas modelos se recusaram a ir pessoalmente à empresa aérea para remarcar a passagem.
A empresária também rebateu as queixas de Ludmila sobre as "péssimas" acomodações a que foi submetida, como o fato de ter de tomar banho com água de balde, gelada. Segundo Raquel, é muito comum em países asiáticos a falta de chuveiro nos apartamentos.
Retorno ao Brasil
Raquel Felipe afirmou que Ludmila e sua irmã adolescente continuaram trabalhando com ela depois que foram trazidas da Índia. Segundo ela, essa é uma prova de que não houve má-fé em relação aos problemas que elas enfrentaram na Índia. "Elas trabalharam comigo até abril de 2012. Só nos separamos depois que essas notícias foram publicadas."
A empresária disse que, em 18 anos de profissão, já enviou mais de 300 modelos para o exterior e nunca teve problemas antes.
A CPI estuda a possibilidade de fazer acareação entre a empresária e a modelo, em razão das diferenças entre as versões dos depoimentos. A acareação foi sugerida pelo deputado Luiz Couto (PT-PB).

Nenhum comentário: