Cedo ou tarde, seus filhos vão andar com as próprias pernas. Talvez mais cedo do que espera a maioria dos pais. A grande dúvida é qual a idade adequada para as crianças caminharem sem companhia de um adulto. Para a psicóloga Sandra Fortunato, a principal pista vem da observação de sinais de maturidade em seus filhos. “Quando não há mais necessidade de pais e mães mandarem tomar banho, escovar os dentes, fazer os deveres de casa e arrumar a mochila, é possível iniciar o processo”, indica a profissional.
A adaptação começa com a criança fazendo pequenos percursos e assumindo responsabilidades, como uma ida ao jornaleiro ou ao supermercado sem que precise atravessar a rua. “Delimitar distâncias nesse primeiro momento é fundamental”, explica Sandra. Em seguida, a psicóloga sugere atravessar ruas de pouco e muito movimento com a supervisão dos pais e depois sozinho.
Vinícius Faillace, de 12 anos, estudante do 7º ano da Escola Dinâmica de Ensino Moderno, começou a andar sozinho em fevereiro desse ano. “Por enquanto, vou e volto da escola. E, quando sinto medo, aperto o passo”, diz o menino. A decisão deixou a mãe, Sylvia Faillace, bastante apreensiva. “Fiz todas as recomendações possíveis e imagináveis, mas fiquei apavorada. No primeiro dia, fui escondida atrás dele”, revela.
O comportamento, no entanto, não é regra. Algumas crianças podem não ter essa responsabilidade toda, mas sabem quando a situação é de perigo e se mostram alertas. Esse também é um ótimo indício de que elas estão preparadas para essa nova etapa. “Todo esse processo acontece quando a criança começa a deixar a infância para enfrentar a puberdade. Ocasião em que os pais devem ouvir com frequência ‘eu quero descobrir o mundo’ dos pré-adolescentes”.
Para Gabriel Abreu, de 12 anos, o momento certo para andar sozinho ainda não chegou. “Tenho vontade como qualquer outro garoto da minha idade, mas não sei se me sentiria seguro. Converso bastante com meus pais sobre quando isso vai acontecer. Talvez ano que vem”, avalia o menino, sob o olhar atento do pai, o professor de teatro Francisco Abreu, 48 anos. “Se isso já tivesse sido antecipado, por uma demanda dele, talvez eu até já tivesse parado para pensar em como fazer essa transição”. Gabriel completa: “a cidade está muito violenta. Eu prefiro esperar o momento certo junto com os meus pais”.
Para Judy Galper, diretora da escola EDEM, que vai da educação infantil ao ensino médio, a percepção da maturidade cabe aos pais. A escola contribui estimulando e desenvolvendo a autonomia. “Outra questão é o desejo da criança, que também precisa ser respeitado. Na cabeça dela, andar com a mãe pode ser mico”, destaca Judy.
A agente de turismo Daisy Ramos, de 51 anos, ainda não tem motivos para se preocupar e se sente mais confortável já que a filha, Gabriela Athayde, de 12 anos, tem demonstrado a vontade de continuar com a supervisão materna em sua rotina. “Quando ela me disser que se sente segura para andar sozinha, vou incentivar. Não posso reprimir. Crio minha filha para o mundo”, diz Daisy.
Segundo o Coronel Ibis, assessor de imprensa da Polícia Militar, o ideal é que pais não deixem seus filhos andarem sozinhos antes dos 12 anos. “O processo deve ser gradual e acompanhado de muito diálogo”.
- Os pais devem fazer pelo uma vez com seus filhos o trajeto que os mesmos farão sozinhos.
- As crianças devem evitar a aproximação de estranhos assim como presentes e convites de pessoas desconhecidas.
- Ao andarem de ônibus, devem pedir ajuda ao cobrador ou ao motorista para saber o momento em que se aproxima o ponto em que devem ficar.
- No caminho para o ponto de ônibus, após a escola, devem procurar andar junto com as crianças da sua idade ou classe que fazem o mesmo trajeto.
- É importante que as crianças fiquem atentas à possibilidade de estarem sendo seguidas ou muito observadas. Caso se sintam ameaçadas, devem procurar um policial, guarda municipal ou comércio próximo.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário