quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Corpo de mãe

As mudanças do corpo na gestação vão muito além do ganho de peso, mas a vergonha impede que se fale a respeito
Grávida nua todo mundo já viu. Na capa da revista. Braços, pernas e rosto esguios como sempre, nada a denunciar a gestação além do perfil da barriga, invariavelmente na mesma pose em que as mãos cobrem as "vergonhas". Fora esta versão impecável, bidimensional e imutável que é repetida a cada vez que



Cristina: gravidez saudável e sem mistério

alguma celebridade chega ao terceiro trimestre, as mudanças do corpo na gravidez e logo depois do parto seguem escondidas e isoladas. Sem terem em sua intimidade mulheres mais experientes com quem trocar informações e soterradas por imagens e notícias de emagrecimento recorde que mais soam como uma vitória contra o corpo de mãe, mulheres jovens e informadas são pegas de surpresa por mudanças absolutamente naturais.

Enquanto carregava seu bebê, uma jovem mãe se contorcia para passar entre as mesas de um café na Califórnia, EUA, há quase cinco anos. Sua camiseta levantou um pouco, deixando à mostra o corpo magro e em forma da moça, mas também uma sobra de pele na barriga que Bonnie Crowder logo reconheceu como se fosse a sua. Ela, também mãe recente, teve então a idéia de criar "The Shape of a Mother", um site com imagens daquilo que considera “um dos maiores segredos da sociedade”: o corpo na gravidez e pós-parto.

O aforismo talvez não seja exagero de Bonnie. “Nem sempre a mulher tem a oportunidade de compartilhar o que está passando. A gravidez vem com muito preconceito, às vezes até de quem chega já vir falando ‘nossa, como você está feliz’, o que nem dá a oportunidade de ela falar o que realmente sente”, diz a psicóloga Vera Iaconelli, coordenadora do Instituto Gerar de Psicologia Perinatal. “A maternidade é perseguida por idealizações”. Isso não significa que ser mãe seja padecer onde quer que seja. Mas que fingir que a concepção transforma as mulheres em seres plenos e intocáveis

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