A partir da próxima segunda-feira (7), os membros da comissão parlamentar
mista de inquérito (CPMI) que investigará as denúncias envolvendo o empresário
Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e agentes públicos e
privados poderão ter acesso aos documentos das operações Vegas e Monte Carlo, da
Polícia Federal (PF). Para isso, um esquema especial de segurança será montado
até a noite de domingo (6) no Senado.
O presidente da CPMI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), anunciou
hoje (3) que uma sala está sendo adaptada para receber três cabines com
computadores onde os parlamentares poderão fazer pesquisas nos documentos
sigilosos das operações.
Para ter acesso à sala, os deputados e os senadores deverão assinar um termo
de confidencialidade, deixar de fora seus celulares e aparelhos eletrônicos e só
poderão fazer registros do que lerem, virem ou ouvirem com papel e caneta. Eles
não poderão receber ajuda de assessores e nem imprimir cópias de trechos dos
inquéritos da PF.
O relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), deverá ter um acesso
especial que ainda não foi definido.
Vital do Rêgo explicou que, por se tratar de documentos que estão em segredo
de Justiça, a única alternativa ao esquema especial que está sendo criado seria
a leitura do material em sessão secreta. Isso, na opinião dele, levaria a
“discussões eternas” na comissão e seria contraproducente.
“O regimento permitia que os documentos sigilosos fossem lidos em sessão
secreta. Então, para ter acesso a esses documentos, seguindo essa linha, a
partir de segunda-feira eu teria que começar a ler em sessão secreta as 15 mil
páginas, seria algo absolutamente improdutivo”, explicou o senador.
Na sala, não haverá acesso à internet e o local será monitorado por câmeras.
Na porta, do lado de fora, um policial legislativo fará a segurança e garantirá
que os parlamentares obedeçam as regras.
O esquema de segurança tem o objetivo de evitar novos vazamentos de
informações das operações, especialmente para a imprensa. Reportagens em
revistas, jornais e televisão já mostraram trechos de gravações feitas pela
Polícia Federal nos quais a quadrilha do Cachoeira teria tratado de suborno,
tráfico de influência e fraude a licitações com funcionários públicos e
executivos da construtora Delta.
O grupo chefiado por ele é acusado de controlar jogo do bicho e outros jogos
ilegais em Goiás e de ter influenciado a contratação da Delta para obras no
estado goiano o e no Distrito Federal. O dinheiro da propina paga aos
funcionários públicos viria, segundo as informações vazadas dos inquéritos
policiais, dos contratos da construtora.
Os áudios, os vídeos e os textos que constam no inquérito da Operação Vegas
já foram entregues ao senador Vital do Rêgo em nove mídias eletrônicas que serão
repassadas a um funcionário do Serviço de Processamento de Dados do Senado
(Prodasen) para serem disponibilizadas nos computadores da sala especial.
Os parlamentares, inclusive os suplentes da CPMI, terão acesso ao material de
segunda a sexta-feira, em horário a ser definido. Na próxima semana, o
presidente da comissão espera receber o inquérito da Operação Monte Carlo para
que eles também possam ser disponibilizados segundo o esquema sigiloso.
“Eu tive que fisicamente adaptar a sala e tecnologicamente adaptar a
informação. Eu recebi as mídias do Supremo Tribunal Federal (STF) todas
compactadas. Então nós tivemos que desenvolver sistemas para ler e adaptar as
três máquinas. Nós vamos nos próximos três dias estar desenvolvendo esses
sistemas para deixar esse material nos computadores e garantir que ele não será
reproduzido”, explicou o senador.
A próxima audiência da CPMI do Cachoeira está marcada para terça-feira (8),
com depoimentos dos delegados da Polícia Federal envolvidos nas investigações.
Como eles deverão tratar de informações secretas, a reunião será restrita aos
membros da comissão, sem o acompanhamento da imprensa.
sábado, 5 de maio de 2012
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